domingo, junho 07, 2009

O meu nome é Ágata!

O seu nome era Magda. Costumava andar pela baixa , sempre vestida de negro, com as suas calças justas que tão bem lhe esculpiam as pernas. Pena que as pernas fossem feias. Pareciam patas de elefante africano. Ela parava sempre no Albuquerque para tomar a sua bica. Eu ficava a observar cá fora, como quem anda simplesmente a ver as montras. Mas não. Seguia cada passo e cada gesto seu. E assim foi durante vários meses. Ela desconhecia o perigo que corria, e era eu quem a devia proteger. Ainda me lembro bem da primeira vez que falei com ela. Foi na Caruncha. A típica discoteca de Sábado à tarde, frequentada por quem nunca a deveria frequentar, centro de divulgação das maiores alucinações do país. Lá estava ela. No centro da pista a dançar como um touro enraivecido, espumando por toda a fisga que existisse em seu corpo, como quem está prestes a devorar alguém. Quem no Mundo teria coragem para se meter com ela? Eu não. Segui-a até aos lavabos femininos. Era território proibido mas não podia perde-la de vista. Entrei. Revistei cada privada que lá havia. Quando cheguei à última, convencido que ela lá estaria, dei de caras com um dejecto. Refastelado a olhar pra mim como quem está no sofá a ver televisão. "Eia ca'ganda cócó!" exclamei eu. Foi então que ouvi uma voz, uma profunda voz que de tão intestinal que era me deixou com tremores. "É grande, não é? É obra minha..." disse a voz. virei-me e lá estava ela. "Magda", disse ela. "Bulíí" menti eu. Ela lançou-me um olhar inóspito, como quem diz "Tá quietinho aí senão como-te como se fosses uma hamburger de queijo". Lancei-lhe outro olhar...este mais revelador e poderoso..."Vaca!". Ela não percebeu...deve ter confundido com um daqueles olhares que significam qualquer coisa como "Pónei" ou "Chapéu". Virou-me as costas e preparou-se para sair. Pegou na sua mala, tirou de lá um cigarro e acendeu-o. Subitamente abriu-se a porta! Entra um ninja de pistola em punho, com Magda no centro da mira. Tiro a minha caçadeira do bolso e aponto para ele...ele lança-me um olhar...daqueles olhares de quem diz "Onde é que fica a casa de banho dos homens? É que tou mesmo inquieto para cagar...". Respondi de imediato com outro olhar..."É aqui ao lado, mas se estás mesmo apertado, podes cagar aqui...". Ele olhou-me novamente surpreendido "a sério?". "Sim". Parecia que lhe tinha dado a felicidade eterna...até que ele entra na última privada de todas e meio segundo depois sai de lá disparado com lágrimas nos olhos..."Eia ca'ganda cócó que está ali dentro!". "Foi ela", disse eu...e desapareci. À medida que me afastava ouvia os tiros disparados e os gritos de um ninja aflito...o meu trabalho estava feito!
By JPK

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